quinta-feira, 29 de abril de 2010

Abraços Partidos

Logo agora que ele desistiu do amor,se apaixona por um homem que desistiu viver.
Depois de anos se recuperando de um ferida exposta e quase imortal,ela é machucada de novo.
Se dedica tanto a esse amor ,que confunde tal sentimento por devoção. Se esqueceu totalmente dela, e se tornou somente aquilo que sente.
E seus Abraços Partidos, que insistem em partir o resto de tudo: - Abraços Partidos é um turbilhão de sentimentos e candentes, da fatalidade de acontecimentos não esperados à emoções presentes. Uma história emocionante e terrível, cuja imagem mais expressiva é a foto de dois amantes abraçados, esfacelada em mil pedaços,por não conseguirem viver aquilo que queriam.
Que a vida venha surpreendê-los,pra que o que já foi partido volte a viver,e que os mil pedaços dos amantes voltem a se encontrar,como um quebra-cabeça!

terça-feira, 27 de abril de 2010

D e l í r i o

Não interprete mal,isso não é um pedido de casamento,é só um pedido qualquer:
-Fica comigo pra sempre?
É que gosto de amanhecer e ter ver do meu lado,você é lindo acordando...concorda comigo!?
Eu não sei o que ainda te prende,mas digo por mim...
-Adoro fazer tudo “errado” com você!
Agente foge do mundo,se esconde no primeiro lugar vazio,trocamos milhares de palavras,rimos um da cara do outro. Você me congela com o olhar que só você sabe me lançar...eu paro,você chega perto...eu me excito com o se cheiro...você me agarra pela boca e eu me agarro na sua nuca..e devaneio! Como eu queria que fosse pra sempre, porque não!?...Você fala baixinho: -Sabe o que eu estou morrendo de vontade de fazer!? (e o delírio aumenta ainda mais)..eu respondo: -Eu sei o que você quer,você quer me....(que isso fique entre nossas bocas,que acabaram de dar risadas,certo!? ).
E pronto,fui pro céu!!!
Pra garantir que irei sempre te ver acordando,dorme comigo!? Acho lindo ver você pegando no sono...concorda comigo!?

Je t'aime, meu xuxu!

terça-feira, 13 de abril de 2010

A Menina Dos Pensamentos Distantes


Era uma menina feliz, como tantas outras. Tinha amigos e namorados, como tantas outras. Sorria, cantava, pulava e dançava, como tantas outras. Mas nessa menina havia algo de diferente.
Seus amigos a olhavam e a percebiam distante, séria, quase estóica. Ao ser questionada respondia apenas:


_Estou pensando.


Seus pensamentos não eram triviais, pueris ou fúteis, eram pensamentos profundos, distantes. O que ela pensava era segredo dela. Ela sabia, e isso bastava. Pra que conversas se ninguém a entenderia? Sabia ser todo o seu pensamento subjetivo demais para qualquer outro.

Ela tinha necessidade de amigos, de pessoas que lhe fizessem sentir alegria. Necessidade de sair, cantar, pular e dançar, de viajar. Tinha necessidade de acreditar que era feliz. Mas essa menina também tinha necessidade de solidão.

Ao ficar só logo percebia a solidão existencial. Se via só no mundo. Sabia que era essencialmente só! Qualquer pessoa, por mais perto fisicamente que estivesse, estava distante anos-luz. Ela, apenas ela, é todo um universo, um universo distante de todos os outros, um universo distante que só quer viver e ser feliz. A consciência de sua solidão não a deixa.

A menina dos pensamentos distantes era só e sabia disso, como poucas outras.


por Rafael Shimoda


Ela

Proteção, muros e muralhas, quem não os constrói diante de si e ao seu redor? Todos nos protegemos contra os outros, não deixamos que se aproximem, que nos conheçam realmente. De fato, alguns constroem verdadeiras fortalezas com direito a exército de elite com armaduras forjadas a partir do lendário adamantium, protegidos por muros de diamante.

Vemos nas ruas rapazes fortes, altos com um semblante ríspido e óculos escuros para dificultar a aproximação. Um olhar mais analítico revela, entretanto, a insegurança em seus gestos: músculos contraídos, boca crispada, um olhar que não está perdido, mas que também não se fixa, acreditam poder usar seus músculos como proteção pra tudo. Retirando seus óculos vemos novamente a insegurança, desta vez, porém, acompanhada de certo receio – busca aceitação. Olhos não podem ser exercitados, não podem criar músculos.

Criamos nossas defesas em camadas, desde a mais singela, aquela que pode ser quebrada por um sorriso, a que deixamos que transponham ao brotar de uma amizade e aquelas forjadas com o metal dos deuses, a que somente em raríssimos casos pode ser transposta, aquelas cujos grilhões nem mesmo nós ousamos retirar-lhes e espiar por trás das pesadas portas.

Quando prestamos bastante atenção, por tempo suficiente, percebemos nossas muralhas ruírem, às vezes de mãos dadas às muralhas dos que nos cercam, às vezes em compasso diferente. Uma conversa: uma muralha a menos. Um gesto e lá se vai mais uma. A convivência derruba algumas e ergue tantas outras. A imagem criada para o mundo aos poucos se esvai, o material com o que foi construída se desgasta, conhecemos mais a pessoa e, como conseqüência, conhecemos mais também sua imagem e às diferenciamos, às distinguimos. Atitudes mais livres, dúvidas expostas, choros, idéias, comportamento, podemos ver tudo se alterando.

Mas, Ela? Ela é diferente, nunca usou armadura, não se escondeu, não precisou ocultar o seu Eu. É sempre a mesma, “na rua, na chuva, na fazenda, ou numa casinha de sapê”. Suas idéias e frustrações, segredos, personalidade não se alteram com o tempo ou a amizade. Ela se mostrou tal como é desde o primeiro instante e é assim que todos a conhecem. Uma pessoa livre de defesas, aberta ao conhecimento.

Disse isso a Ela um dia.

_Cuidado! Talvez minha armadura seja apenas mais resistente.




por Rafael Shimoda